segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Rito de Passagem

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Conquistas vazias em um universo per’feito,
Extraídas de lamentações, jóias de vidro...
Vitórias em reinos povoados pela imaginação,
Sucesso insignificante num mundo de papel.

Hoje, o poço é seco de sonhos
E a terra côncava urge algo a preenchê-la.
O rito de passagem, alimenta-a, etapa a etapa.
Com algo mais grosso que água...
Vermelho, como lágrimas do último a bebê-lo.

As macias e delicadas ferramentas
Que verteram do buraco o liquor onírico
Tornaram-se afiadas e ferrosas.
Talhando das mãos trêmulas,
Nenhuma gota onerosa na vastidão estéril,
Só luz rubra de carne.

Logo virão os a contemplar o sabor encarnado.
A vestir-se do couro dos derrotados
Exigindo milagres do tempo passado.

O poço é o receptáculo
O toldo do espetáculo
O foco do oráculo

Ainda embebido no odor ocre escarlate
Submirjo do ventre freático
Recito o rito iniciático
Daquele que do sangue crê arte.

Conjuro demônio, sombra, egum!
Satã, Cthulhu, Exu!
E em giros assimétricos o jogo
Muda de regra a gosto
E com que aprendi do mundo
Do papel ilusório imundo
Mostro pouca diferença
Que aqui e lá cabe a sentença:

“Seja feita vossa vontade”

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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O Problema do "resto"

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O peso de perguntas não respondidas se avoluma lentamente no canto dos olhos e quando menos se dão conta, estão assombrados...
Exauridos pelo círculo tantas vezes trafegado. Malditas perguntas sem fim...
Se “se” fosse, não haveria pergunta, dúvida, dilema, fonema, edema, cinema, nem Thelema.
E as noites estranhas que giram concêntricas ao “eu” constelam o mágico de nossa fantasia. Abrem as portas para erros em níveis impensáveis e não mudam os fatos que se formam indiferentes ao nosso juízo. São como sopros angelicais: inexpressivos, indiferentes e supersticiosos.

A matéria se esquiva de nossa dissecação compulsiva, oculta-se nas ranhuras de nossa catedral epistemológica e mina lentamente todo o racional da construção. Imploda a estrutura e cala o pensamento. Mas, sem o som não percebemos a batida de nossos próprios corações.

E sem perguntas e noites estranhas, fadamo-nos ao silêncio indistinto do vazio.

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domingo, 5 de outubro de 2008

Unchained Song

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Cavalgo veloz, dissecando cada instante,
Num tumultuado cemitério de lembranças.

O tempo se desdobra num simulacro do segundo passado
E o veneno arde nos lábios rachados do sol...

Os últimos grilhões estalam com meu espirito fugaz,
Rompendo-se numa estranha convulsão das estações.

Não trago paramento, ferramenta ou sortilégio
Só o demônio fala por mim... Avidamente!

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domingo, 28 de setembro de 2008

Sedatephobia

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O reconhecimento do silêncio...

A grade de grades se eleva,
Eu perco a respiração, a visão,
O paladar e, a esmo, o caminhar
É indiferente...


A opressão do espírito sufoca o pensamento,
Asfixía a esperaça,
Turva o futuro,
Nega o presente.

Desiludido, o devaneio,
Puxa forte o freio,
Envenena o peito da gente...

Não sinto nada,
Só silêncio.

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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

The Unspeakable...

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I hold my breath
Awaiting for the unspeakable.

I heard beneath
The tension of my nerves… UNBEREABLE.

The scratch of my teeth
Echoes of His presence… INCOMPREHENSIBLE.

I Fart…And it dismisses in the misty night.

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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Looming Magick

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Wishes of a fast beating heart:
Nothing happened.

Except a fading circle on the floor
And a spinning wind in my ears…

Now I know the distance between us:
It has a bullet size.
I cry and realize, how hard is the price

That I bet in my last incantation.
Bounded by a promise I can’t handle.
I beg for the next incarnation
To be one with you, like a light in a candle.

That’s how it consumes me.

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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Terræ Fecunda

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Tudo negro... Um cheiro úmido e azedo. O solo é fofo e abafado. Tudo é indefinido, tudo morto.

Estou angustiado, porque o que plantar nasce...