segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Rito de Passagem

§

Conquistas vazias em um universo per’feito,
Extraídas de lamentações, jóias de vidro...
Vitórias em reinos povoados pela imaginação,
Sucesso insignificante num mundo de papel.

Hoje, o poço é seco de sonhos
E a terra côncava urge algo a preenchê-la.
O rito de passagem, alimenta-a, etapa a etapa.
Com algo mais grosso que água...
Vermelho, como lágrimas do último a bebê-lo.

As macias e delicadas ferramentas
Que verteram do buraco o liquor onírico
Tornaram-se afiadas e ferrosas.
Talhando das mãos trêmulas,
Nenhuma gota onerosa na vastidão estéril,
Só luz rubra de carne.

Logo virão os a contemplar o sabor encarnado.
A vestir-se do couro dos derrotados
Exigindo milagres do tempo passado.

O poço é o receptáculo
O toldo do espetáculo
O foco do oráculo

Ainda embebido no odor ocre escarlate
Submirjo do ventre freático
Recito o rito iniciático
Daquele que do sangue crê arte.

Conjuro demônio, sombra, egum!
Satã, Cthulhu, Exu!
E em giros assimétricos o jogo
Muda de regra a gosto
E com que aprendi do mundo
Do papel ilusório imundo
Mostro pouca diferença
Que aqui e lá cabe a sentença:

“Seja feita vossa vontade”

§

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O Problema do "resto"

§

O peso de perguntas não respondidas se avoluma lentamente no canto dos olhos e quando menos se dão conta, estão assombrados...
Exauridos pelo círculo tantas vezes trafegado. Malditas perguntas sem fim...
Se “se” fosse, não haveria pergunta, dúvida, dilema, fonema, edema, cinema, nem Thelema.
E as noites estranhas que giram concêntricas ao “eu” constelam o mágico de nossa fantasia. Abrem as portas para erros em níveis impensáveis e não mudam os fatos que se formam indiferentes ao nosso juízo. São como sopros angelicais: inexpressivos, indiferentes e supersticiosos.

A matéria se esquiva de nossa dissecação compulsiva, oculta-se nas ranhuras de nossa catedral epistemológica e mina lentamente todo o racional da construção. Imploda a estrutura e cala o pensamento. Mas, sem o som não percebemos a batida de nossos próprios corações.

E sem perguntas e noites estranhas, fadamo-nos ao silêncio indistinto do vazio.

§

domingo, 5 de outubro de 2008

Unchained Song

§

Cavalgo veloz, dissecando cada instante,
Num tumultuado cemitério de lembranças.

O tempo se desdobra num simulacro do segundo passado
E o veneno arde nos lábios rachados do sol...

Os últimos grilhões estalam com meu espirito fugaz,
Rompendo-se numa estranha convulsão das estações.

Não trago paramento, ferramenta ou sortilégio
Só o demônio fala por mim... Avidamente!

§

domingo, 28 de setembro de 2008

Sedatephobia

§

O reconhecimento do silêncio...

A grade de grades se eleva,
Eu perco a respiração, a visão,
O paladar e, a esmo, o caminhar
É indiferente...


A opressão do espírito sufoca o pensamento,
Asfixía a esperaça,
Turva o futuro,
Nega o presente.

Desiludido, o devaneio,
Puxa forte o freio,
Envenena o peito da gente...

Não sinto nada,
Só silêncio.

§

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

The Unspeakable...

§

I hold my breath
Awaiting for the unspeakable.

I heard beneath
The tension of my nerves… UNBEREABLE.

The scratch of my teeth
Echoes of His presence… INCOMPREHENSIBLE.

I Fart…And it dismisses in the misty night.

§

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Looming Magick

§

Wishes of a fast beating heart:
Nothing happened.

Except a fading circle on the floor
And a spinning wind in my ears…

Now I know the distance between us:
It has a bullet size.
I cry and realize, how hard is the price

That I bet in my last incantation.
Bounded by a promise I can’t handle.
I beg for the next incarnation
To be one with you, like a light in a candle.

That’s how it consumes me.

§

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Terræ Fecunda

§

Tudo negro... Um cheiro úmido e azedo. O solo é fofo e abafado. Tudo é indefinido, tudo morto.

Estou angustiado, porque o que plantar nasce...

domingo, 3 de agosto de 2008

Véu

§

Cansado, tento deitar na estufa da cama de plantas mortas.
Sem sentido exato, procuro uma posição confortável, algo que lembre a morte.
Eu sei que você está lá fora... Posso ouvir o som. Mas, por quanto terei de esperar esta epifanía?
Levanto, considero as alternativas, revejo o tempo desperdiçado... Gostaria de afogar esta inquietação.
Deito novamente, olho ao meu redor, sinto as sombras abafadas... uma gota de suor escorre da minha nuca. O relógio parece trocar os números sem seqüência. 00:30, 1:24, 2:06... Penso se seriam versículos ao invés de horas... Minha espera se torna insuportável.
Levanto, bebo água, sento em frente ao computador, tento traduzir esta angústia sufocante, eu preciso acordar e sentir o real do imaginário.
Volto a deitar e aguardo, aguardo, aguardo... Esperando pegar no sono e acordar.

§

Fragmentos: Diário do ano de 2006 à 2007...

§

Do Cão ao Porco

Muitos caminhos levam a Roma... E, simultaneamente, todos a deixam para trás... Sentado no banco do avião, com o diário em mãos, aguardando o reabastecimento em Himachal Pradesh, na província de Solan, fronteira com a China, senti novamente o quanto minha Roma ficara para trás... Não sei por onde começar: Tantos meses haviam se passado e não consegui abandonar este sentimento. Nem mesmo ao desfazer minha antiga identidade, minha vida.
Agora me chamo Ian Crow. Os segredos escondidos de meu passado sussurram minha derrota, a derrota de um sonho... Joguei em uma fogueira crepitante em meio à campina, minhas roupas, pertences e amuletos. Exceto meu diário, afinal, toda Magika deve poder ser desfeita. Hoje, com o desvelar da trama, eu sinto o peso de ter abandonado à própria sorte, o ultimo bastião do amor à Verdade. Mas eu mudei. Como tudo que existe, “o eu” está sujeito ao caminhar dos ciclos, em uma ou várias vidas. O que experimentei no curso de tão pouco tempo, foi como nascer novamente.

I


Lembro-me do xamã nas montanhas do Nepal, o Sambas Mouruibain, guia espiritual da religião Kirant Mundhum (http://en.wikipedia.org/wiki/Kirat_Mundhum), que o meu mestre me apresentou alguns meses após termos deixado a Áustria. Graças aos seus cuidados, desvencilhei-me das amarras de minha própria mente e percebi que a liberdade da mágika jaz um passo adiante. Por dois meses de tempo mundano, que foram em outros reinos uma eternidade, ele esteve dentro de uma caverna, alimentando meu corpo físico com leite sagrado. Após percorrer milhas em outras esferas, retornei com minhas devidas lições aprendidas. Tive minha sede pelo auto-conhecimento saciada e meu fiel companheiro de volta.
Meu mestre, Joel Zimmerman, veio me buscar. Junto ao velho eremita, explicou novamente que se não fosse levado pelo caminho dos espíritos eu jamais conteria o desejo pela fuga da realidade, o que viria a ser um grande problema mais tarde. Agradeci com todo o meu coração ao meu Guia pelas Verdades da Alma. Mas antes que pudesse deixar a caverna à paz que aquele velhinho, de olhos escondidos por trás de rugas, emanava, foi feito sobre meu corpo, um encantamento de proteção realizado pelos dois Magistas, vale dizer, de surpresa. Hoje já estou acostumado com as novas tatuagens que adquiri: dois círculos Vedas e um selo chinês. Magikas que têm se provado muito eficientes para me manter no anonimato por tanto tempo. Depois de penar nos mundos do Etéreo, havia chegado a hora de fazer o caminho inverso, como havia combinado com meu mestre. Voltar para o ponto de partida. Aprender a tocar o mundo da matéria... A refazer o caminho de minha morada natal. Joel Zimmerman me deixou na capital da província de Xinjiang numa estação de trem. Com 3000 Iuanes, o equivalente a cinco dólares. Em alguns meses me veria novamente. Depois de tanto tempo vagando entre os mundos do além, foi como ter de reaprender a andar e sobreviver, com fome, sede, cansaço em meio a tanta gente, em outro país, falando outra língua. Passei fome no primeiro mês, mas consegui um emprego de tutor de idiomas para dois irmãos, membros de uma família rica. E lentamente fui acostumando a respirar o ar mundano. Entrei em uma escola de acupuntura e de artes marciais, indicações por telegrama de meu mestre, bem como fui instruído a ser aprendiz de carpinteiro nas horas em que normalmente todos dormiam, para compensar a perda de meus utensílios iniciáticos e para relembrar o denso da Realidade.

II


No espaço de cinco meses havia me adequado quase completamente, aí, só então, iniciou o meu treinamento. Acreditei que teria lições em teorias e aspectos da mágika. Mas isso não fazia parte da visão do meu mestre. E, hoje, devo isso a ele, pois seu método, não-ortodoxo, absolutamente pragmático e mutável me fez ver os mundos da forma mais prazerosa e real, à minha mente e aos meus sentidos.
Falando em prazer, a segunda pessoa desperta que conheci foi um amigo de meu mestre, um exótico Yogi Tântrico Cultista do Êxtase. Assim que se findaram os 5 meses de preparação, fomos até Bangladesh na Índia, ele me levou a um bar que mais parecia uma orgia gigante. Lá estava ele ou ela, não sei ao certo qual sexo, sentado em uma enorme poltrona de veludo vinho envolto por cortinas de seda que dançavam no ar carregado dum misto de fumos, álcool e suor. Homens e mulheres rolavam aos seus pés, lambiam seu corpo movendo-se lentamente como uma enorme massa viva. Ao nos ver a figura imponente levantou-se e caminhou sobre aquele tapete de corpos convulsos em nossa direção e, ao se aproximar, fechando seu robe de seda negra, abriu um largo sorriso:
- Então este é o seu novo aprendiz, caro Joel?
- Sim, ainda perdido nos confortáveis dogmas da Estase.
Disse eu então:
- Meu nome é Ian Crow.
Os dois se entreolharam diante de minha notória confusão devido ao lugar. A pessoa de robe negro tocou o meu ombro com suas mãos quase etéreas:
- Você ainda precisa aprender muitas lições. Mas eu gostei de você. Embora pareça ser muito metódico, vejo que anda com a cabeça nas nuvens, falta só colocar o resto de seu corpo lá.
- Ele tem pouco tempo, mestre Ajné Prajnamudkti.
Ao ouvir as palavras de Joel, o mestre do Tempo, Ajné, lançou um sorriso plácido e distante quase indistinguível em sua face enevoada:
- Amigo, o tempo é o tapete de lótus das divindades... Vou ensiná-lo a conhecer os prazeres do mundo e o que torna nossa existência aqui tão especial e tão invejada, tratarei este jovem como um dos meus filhos. Mas o tempo só deixa descer de seus ombros aqueles que se desapegam de suas bagagens... Receio apenas do jovem não conseguir.
- Ele suportará, ou de nada terá valido o caminho que percorreu até aqui.
Ajné então tomou minha mão e lentamente me conduziu àquela massa viva de prazer. A cada passo que dava, sentia que uma parte de minha roupa ficava para trás... uma parte das minhas preocupações ficavam para trás... e senti a onda de prazer que move o mundo fazer parte de mim...porém, havia ainda uma vontade intimista, egoísta de saber, conhecer, viver e como em um sinal intermitente senti o mundo ir, vir, agir, reagir... então, uma batida frenética, estroboscópica, sem nexo entre as imagens, irrompeu em meus sentidos. Ouvi uma gargalha: - jovens, sinto falta do peso de suas almas... Troquemos nossas vestimentas, deixe o seu medo ir... Os sonhos... As lembranças... As vontades... Com um estampido surdo eu abri os olhos e vi que o mundo respirava em uma freqüência diferente. Um ritmo diferente. Virei-me para Ajné e vi sua face delicada, suave, nítida, não mais enevoada e indefinida, com certeza era hermafrodita... A completude dos gêneros, o arquétipo das obras alquímicas. Curvei-me. Ele se aproximou e disse: vamos, sua caminhada será interessante...
Havia sido guiado pelo velho a lugares estranhos onde palavras nada dizem, vaguei por inúmeros mundos. Cada reino me sussurrou um pouco de seus segredos... vi o inexplicável, o indizível, o impensável. Caminhei entre os espíritos de pura efêmera, compartilhei de suas dores reconheci muitas delas e, mais uma vez, a terra me deu à luz, sob um novo nome, um novo augúrio, um novo rosto, um novo destino. Aprendi a sentir o mundo ao meu redor e que sua percepção estava em mim todo tempo. Mergulhei nas entranhas da noite, no fundo de um longo caminho e resgatei do exílio meu fiel companheiro, um pedaço de mim. Agora, abraçado à essência do vácuo, Ajné, os amantes, não importando seu nome, andei pelas bordas da história sem tempo, sem dia ou noite, vi os prazeres sombrios da humanidade, seus vícios, ódios e horrores. Caminhei por ruas de um futuro torpe... Guerras que atravessavam eras... as mesmas almas em incontáveis mortes. Vi que não importavam suas crenças, tabus, preconceitos, esquemas, sistemas, rotinas... e tudo passou diante dos meus sentidos, como imagens sobrepostas, mandando suas mensagens simultaneamente. Outro estampido. Estava à porta de um bordel. Lá dentro, sentado, junto ao balcão, estava Ajné. Fez um gesto para que me aproximasse. Segui-o e ele disse:
- Já viste onde está a Magika. Só ainda não sabes o quanto ela faz parte de vós. Joel havia me dito que estavas acostumado ao silêncio morto da contemplação. Mas a vida neste mundo e em qualquer outro não é feita de todo o silêncio. O silêncio só é o que entremeia a batida do peito, o rufar do tambor, o gemido, o grito, o gozo. Isso é o som que deves ouvir. Venha, você tem de aprender a sentir a Magika como ela é: a essência da vida.
Não sei por quanto tempo, estive entregue ao céu e inferno da carne e dos prazeres. Desenvolvi o vício do cigarro e o gosto para a bebida, mas como o meu mestre disse: “Tudo o que você toca, toca você.”. Sofri por amores que vêm e vão. Vi a morte levar e trazer as obras de arte da natureza em forma de carne e osso. Fiz amor com sonhos, anjos, demônios, lugares, nomes, astros... Vivi em muitos lugares, tempos, épocas diferentes. Todas ao mesmo tempo. E acordei, ainda na cama, com Ajné e tantos outros de seus filhos e percebi: muito em mim havia mudado.

III

Levantei e fui até a cozinha, de um apartamento qualquer em uma cidade qualquer, acendi o meu cigarro, olhei pela janela processando tantas experiências que pareceriam absurdas se não fosse eu mesmo a vivê-las. Senti uma mão correr minha cintura, a me abraçar, a voz soava distante:
- A jornada chegou ao fim.
Sem olhar novamente para os olhos de meu Guia pelas Verdades do Mundo, peguei minha roupa, uma meia-garrafa de vodka e desci pelas escadas do apartamento. Eu já sentia a Mágika como parte da minha respiração, da minha pulsação, do meu ser. Agachei-me na calçada da rua e com a vodka fiz um selo da água, do trovão e do céu. Risquei um fósforo, acendi o selo e o vi queimar, canalizando o meu desejo pelo próximo passo da jornada. Gostaria de elucubrar mais sobre minhas experiências, mas não há mais tempo para isso. O que vivi me deixou cicatrizes suficientes na alma. Não preciso espremer minhas lembranças em busca de mais sabedoria. Atravessei a rua, fui até um pequeno restaurante, pedi uma porção de Kofta e esperei, havia sentido que o destino estava por se apresentar. Antes que pudesse colocar o último bolinho na boca, Joel dobrou a esquina, o mestre trazia consigo algumas sacolas e pastas no colo:
- Pelos deuses! Quase me arrependi de ter lhe deixado na mão daquele pervertido. Você passou tempo demais no afluxo do tempo, tempo demais experimentando a sorte. Não sei como ele fez isso, mas pelo tempo que passou você deveria estar com, no mínimo, 50 anos.
Até onde saiba, ele nada fez, mas não havia razão em discutirmos aquilo àquela hora.
- Não se preocupe mestre. Estou são e salvo.
- A salvo você pode estar, mas duvido que esteja são. Bem, devemos nos apressar, o avião parte daqui a duas horas.
- E para onde vamos?
- Yangbajain (http://en.wikipedia.org/wiki/Yangbajing ).
- Onde fica isso?
- Tibete, região em conflito.
- Porque lá?
- Não discuta meus métodos.
Assim, rindo, pegamos um taxi e a minha terceira e última jornada deu inicio.
Chegamos a Lhasa, o céu já dava sinais do sol quando tomamos um avião particular para o aeroporto na termoelétrica de Yangbajain. Joel Zimmerman, pareceu ligeiramente nervoso quando o avião decolou. Ao notar meu olhar, virou-se dizendo:
- Esta é a última etapa, mas não espere algo mais fácil do que vai encontrar pela frente quando nos veremos novamente, daqui a seis meses. A guerra que encontrará aqui será a mesma que teremos de viver, talvez, pelos próximos anos. Espero que tenha respirado fundo o ar limpo da tranqüilidade, pois, de agora em diante, só sentiremos o odor ocre das vítimas das batalhas porvir.
Entregou-me então uma mochila.
- Aqui vai encontrar utensílios indispensáveis: faca militar, filtro de água, binóculo, roupas, saco térmico, remédios, GPS, mapa, lanterna, querosene, uma arma de mão e munição.
- Porque tudo isso? Vou ficar no meio do nada?
- Não, no coração do conflito, meu amigo. Por isso estou lhe dando estas coisas, para que tenha mais chances de sobreviver.
Permanecemos em silêncio pelo resto da viagem. Exceto por algumas instruções que me eram passadas por papel sobre a construção de um Focus que havia sugerido a alguns meses atrás.
Algumas turbulências e desvios depois. Estávamos pousando em meu destino. Eram 8 horas da manhã. Descemos um pouco tontos pela viagem, mas meu mestre insistiu em subir logo após esticar as pernas e apressar o piloto na manutenção da aeronave. Parecia não ter tempo a perder. Despediu-se de mim com um aceno curto enquanto dava ordens ao piloto. Vi o avião levantar vôo e tornar-se um pequeno ponto na imensidão branca do horizonte quando um grupo de três homens veio em minha direção, um deles tomou à dianteira e disse:
- Bom dia, sou amigo de Joel, me chamo Cheng-ho, estes são Li wu tan, Chien-tzu.
- Bom dia, sou Ian Crow.
- É um prazer Sr. Crow, vamos para um lugar adequado onde possamos conversar.
Os três homens eram quase da mesma aparência: baixos de olhos escuros e certamente chineses. Chegamos a uma pequena construção similar a um galpão.
Li wu tan disse então:
- Entre Sr. Crow, vamos lhe explicar sua estada aqui.
Eu entrei junto com eles, havia um jipe, uma mesa com muitos mapas em cima. Aproximamos-nos da mesa e Cheng-ho se adiantou:
- Pude ver que trouxe muitos utensílios, a julgar pelo som, são de sobrevivência. Vou lhe esclarecer a situação: somos o braço armado da Cabala da “Qīng yíng ē mí tóu Fo” (Eterna luz brilhante da vida) e lutamos pela proteção dos templos sagrados do Tibete, pertenço ao Coro Celestial, Li wu tan e Chien-tzu são da Irmandade de Akasha, já estamos nesta batalha há anos e perdemos muitos companheiros. Estamos infiltrados num grupo de resistência dos adormecidos em Lhasa. Já que lutamos pela mesma causa, mas a tecnocracia possui agentes infiltrados no governo chinês tanto nas fileiras de combate como na área administrativa, além de terem agentes infiltrados na CIA que financiam a resistência da “Região Autônoma do Tibete”. Portanto, não podemos nos descuidar um instante sequer. Como havia acertado com Joel, você permanecerá conosco por um período de seis meses, se obtiver êxito em suas missões. Está claro? Chien-tzu e eu treinaremos você por oito semanas antes de entrar em campo, aprenderá a manusear armas de diversos calibres, defesa pessoal, primeiros socorros, a sobreviver em território hostil, operar dispositivos eletrônicos, camuflagem e a como se infiltrar em bases inimigas. Está claro?
- Sim senhor. Eu respondi quase instantaneamente. Mas ainda com uma cara de constrangimento guardava uma pergunta para fazer e antes que tivesse reunido coragem para dizer, Chien-tzu adiantou-se:
- Mais alguma coisa?
- Sim senhor, vocês têm cigarro aqui?
As feições sisudas do pequeno chinês mudaram rapidamente para uma risada descontraída, certamente percebendo a minha tensão. Chien-tzu apontou para uma pilha de caixas no canto do galpão:
- Tem uma caixa lá, é de cigarros.
Levei alguns minutos para achá-la, a pus, então, ao pé da mesa central, abri-a e peguei alguns maços.
- Vejo que fuma mais que Pinyin Suānní... Disse Chien que foi acompanhado das risadas de seus dois colegas.
- Já chega de brincadeiras, há muito a fazer. Disse Cheng-ho, tentando segurar o riso...
Gostaria de relatar as inúmeras missões que participei: como Chien-tzu morreu em meus braços e o que senti ao ver magikas que jamais havia sonhado serem realizadas diante dos meus olhos. Eu aprendi muito no pouco tempo que permaneci entre estes bravos soldados, não só suas habilidades de combate, mas suas visões de mundo, mantras, evocações sagrada, respirações e fluxo de Chi. Mas vou me ater a minha ultima missão. Era uma manha de 12º C, quando saí de uma das cavernas camufladas por um encantamento de Li Wu Tan. Fiz o perímetro e ninguém à vista, então retornei “à toca” como era o de costume, ao entrar vi Cheng-ho com um papel vindo em minha direção:
- É pra você Ian, de seu mestre.
Eu abri a carta e nela continha um clamor:
“Joshua Altum.
No terceiro dia de marte, ao mês de marte e ano de júpiter.Este é um chamado para um lamento. Nossos heróis caíram, nossos mestres faleceram, os espíritos se foram e as fadas morreram. Agora nos restam os cantos escuros onde a civilização tecnocrata ainda sonha. Sim, ela o faz... e pode-se perceber. Nos intitulamos acordados pelo ato da magia, mas quantos dos despertos ainda dormem e não percebem que nossa preciosidade se esvai meio a padrões seguros, repetidos exaustivamente, até transformar-se em algo meramente binário? Este é um chamado para uma rebelião. Nosso conselho caiu e o resto do mundo conforma-se com o domínio desta tal ordem. Mas nos resta o maior dos feitiços, a mãe das vontades, a certeza que aquilo que é ideal pode e será trazido para o mundo concreto, pois o mundo sonha. Conformar-se em ser meramente mecanismo de uma sociedade que engole e distorce o seu sistema de valores, tornando-se engrenagem de uma grande máquina social falida e proclamando que estamos rumando para um equilíbrio? A mãe está doente e o verbo de nosso pai nos abandona, pois ao negligenciarmos aquilo que nos é gritado dia a pós dia – o fato de que tudo isso está errado – somos obrigados a ver diariamente o sofrimento daqueles que simplesmente desistiram de viver como gostariam, deuses... como DEVERIAM viver.Este é um chamado para uma guerra, pois não acredito mais na decisão de tradições que deixaram com suas certezas empoeiradas o mundo estar à beira da destruição. Morrerei sim, diante da grande Torre Branca onde com ternos alguns poucos optaram por decidir o destino de todos. Mas cairei dando a eles a certeza de que outros virão depois de mim e que um dia, um deles pode ser um Deus. Eu acredito naqueles que tem vontade. Espero acreditar em você.”
Ao final da carta, havia um P.S., escrito com uma letra familiar: “Encontrar-nos-emos em Londres.”
A ler aquelas palavras, disse:
- Meu tempo está acabando.
- Você fez muito por nós “sopro de solidão”. Disse Cheng-ho, lembrando de meu codinome.
- Eu gostaria de participar de uma ultima missão.
- Devo avisar a você que a próxima missão que faremos é praticamente suicida.
- Estou disposto a arriscar.
- Você é bem vindo, vou lhe explicar: O nosso grupo de reconhecimento há alguns meses, encontrou a localização da prisão de um dos espíritos muito importantes para o fluxo de chi das terras que cortam as regiões norte e leste do Tibete. Desde sua captura os locais sagrados dos templos têm perdido sua força e os milagres operados pelos monges, tornado-se mais difíceis. Graças a isso, a Tecnocracia vem ganhado terreno oferecendo ao povo, alternativas mais convenientes para a resolução de seus problemas. Há anos estamos buscando a localização das prisões destes espíritos e aguardando o momento certo para libertá-los. A última vez que conseguimos encontrar e libertá-los foi a custo de muitas vidas. Como você deve saber, há caminhos específicos que ligam o mundo espiritual a este, que são análogas as linhas de Chi ligam cada local. Espíritos menores conseguem circular por quase todas as linhas, tornando o nosso acesso e o deles, entre os mundos, possível em muitos locais. Mas no caso de um espírito como O Feilong, os caminhos possíveis são muito poucos e precisos. A data foi cuidadosamente escolhida para a sua soltura e estamos dispostos a dar nossas vidas para conseguir. Está certo de sua escolha?
- Estou...
E em silêncio militar, nós três juntamos nossas coisas, deixamos a toca e rumamos para o ponto vermelho no mapa. Nos momentos de parada, Li Wu Tan e Cheng-ho corrigiam alguns conceitos errados que tinha sobre as linhas de chi e o Luopan. Nem mesmo a pouca comida e o frio gélido foram distrações para aqueles momentos de informação vital.
Era por volta das três da madrugada, no quinto dia de viagem, quando encontramos outro grupo, que já nos aguardava. A conversa rápida deles em algum dialeto chinês tornou impossível minha compreensão, mas pelo que vi já se conheciam há muito tempo e sentiam saudade uns dos outros. Contudo, quando fui apresentado, pareceu que trouxe à mente daqueles cansados amigos a importante missão. E um silêncio mórbido tomou conta do lugar, dando-lhes uma aura tão distante quanto a distância que separa estas montanhas da Áustria.
A viagem chegou a seu destino no décimo terceiro dia que deixamos “a toca”, já conhecia os nomes de quase todos que compunham a Cabala da “Qīng yíng ē mí tóu Fo”, além de ter aprendido com eles alguns golpes novos em meu parco repertório de movimentos marciais. Com certeza teria convivido por mais tempo ao lado deles com muito gosto se não fosse pelo incidente: havíamos visto um edifício soerguido no alto de umas colinas, totalmente metálico de uma cor que parecia refletir a imensidão de gelo que nos rodeava. Cheng-ho fez um sinal para mim, indicando ser aquele o local. Dois de um grupo de oito se posicionaram imediatamente de joelhos e começaram a rezar com seus Luopans à frente e, em uma fração de segundos, começamos a ver inúmeros fluxos de quintessência se entrecruzando e um maior, lentamente se aproximando da construção. Li Wu Tan, fazendo mudras disse:
- Está na hora, há poucos guardas e a passagem para o reino dos espíritos logo estará bloqueada.
Todos nós nos adiantamos, com armas e Mágikas em punho em direção ao nosso alvo. Mas como era de se esperar, por detrás daquela singela e inofensiva paisagem, havia uma armadilha à nossa espera. A alguns passos do prédio surgiram, do mimetismo com a neve, vários homens portando enormes armas disparando raios e ondas de choque. Iniciou-se, então, uma batalha mágika, a primeira batalha em campo aberto que havia experimentado. Fora um verdadeiro inferno. Sem nem mais se preocupar com as sutilezas da Realidade, todos os despertos explodiam em efeitos grandiosos, fui conduzido junto com outros dois pela liderança de Cheng-ho ao portão principal. Ao chegarmos, Cheng-ho ressoou um mantra tão profundo que a face da construção a nossa frente, desfez-se em puro éter, revelando uma estrutura inteiriça de maquinário hiper-tecnológico de computadores e cabos, ao redor de uma imensa cúpula grossa e translúcida, onde jazia, em seu interior, enrodilhado, um gigantesco Dragão. Mas logo a minha expressão de fascínio que começava a se formar foi afastada pela aparição de andróides que eram cuspidos do interior do emaranhado metálico. Lutávamos por horas a fio, só havia restado o nosso líder Cheng-ho, Li Wu Tan e eu, quando finalmente, um dos membros da Cabala, que havia sumido temporariamente do campo de batalha, fez surgir relâmpagos dos céus, que desceram exatamente sobre a cúpula, não só fazendo-a rachar e despertando o Dragão em seu interior, como espalhando eletricidade por todo local. Esta corrente de raios atordoou a metade de nossos inimigos, mas custou a vida do pobre sacerdote hindu que fora trespassado pela lâmina de uma imensa aranha de metal que aguardava seu retorno. Foi então que Li Wu Tan, gritando por minha ajuda, preparou um golpe que seria dado exatamente no momento do cruzamento da linha de chi com a prisão de Feilong. Eu corri para trás dele, segurando o meu Luopan nas mãos, enquanto desenhava no ar os selos corretos. Li Wu Tan realizava mudras enquanto entoava antigos cânticos. Nossos gestos foram somando suas forças, aguardávamos o momento certo, enquanto Cheng-ho, sozinho, continha a horda de criaturas tecnomágikas que eram vomitadas do ventre daquela construção. A linha estava no local coreto, na hora correta, era o momento... Mas uma vontade, talvez a soma das vontades de muitos que ali estavam, começou a opor-se sobre nós, velozmente, minando nossas forças. O monge insistiu gritando:
- Não desista, Sopro de Solidão, essa é a nossa única chance.
Foi então que, lembrando da carta que recebi duas semanas atrás e tudo que fiz para chegar até aqui, busquei forças no âmago do meu ser, libertei toda minha essência para realizar a Mágika. Não foi diferente para Li Wu Tan, que exalava sangue de seus poros, buscando na fonte de sua vida, forças para continuar. Mas o que não contávamos, era que, não sabíamos de onde, surgira uma distorção repentina no tempo, nos lançando segundos à frente do instante onde estávamos, arruinando o momento certo. Em um ímpeto de fúria a custo de sua vida, Li Wu, mesmo a despeito de todo o fracasso, desferiu o ultimo golpe com a palma da mão aberta contra a parede de diamante diante de si. O impacto eliminou temporariamente todo o som, tempo e espaço, levando junto toda a matéria que estava à sua frente. Ao cair inerte no solo, revelou-me a visão do majestoso Dragão, que agora, espreguiçava-se rosnando:
- Libertaram-me, mas não há caminho seguro que posso seguir...
Adiantei-me buscando alguma possibilidade:
- Grande Dragão Feilong, não há nada que possamos fazer para tirá-lo daqui?
Seus olhos, que mais pareciam chamas furiosas, fitaram-me. Eu tive medo, mas não podia demonstrá-lo agora.
- Deseja ajudar um dos Bailongs sem nada a pedir, yáng guǐ zi (estrangeiro) ?
- Sim! Disse em desespero.
- Há uma forma, mas terá de oferecer, de boa vontade, sua vida...
Neste instante, senti minha garganta secar. Jamais havia feito isto em todo o tempo de desperto. Não conhecia o suficiente deste mundo oriental, não conhecia sobre estes espíritos dragões. Não sabia se teria um depois. Mas muitas pessoas perderam suas vidas para chegarem aqui e não cumprirem seu destino com o mundo. Não teriam aceitado que eu, um estrangeiro, inepto com a mágika, estivesse aqui se não fosse servir para alguma coisa. Um misto de raiva de mim mesmo com complexo de inferioridade me fez perder o juízo. Sem pensar mais eu disse:
- Sim!
Não tive tempo para me arrepender. O enorme Dragão desceu seu rosto exalando fumaça até o meu, abriu um sorriso sarcástico e antes que eu pudesse dizer algo, lançou-se sobre mim, entrando em meu corpo, invadindo a minha alma... Os meus humores, lembranças, conhecimentos e vontades somaram as deles, talvez pudesse ter lutado contra isto, mas decidi deixar que o espírito tivesse o controle, afinal as chances de sobreviver não seriam maiores se tentasse reger a orquestra, muito pelo contrário, fiz coisas que não sonharia em fazer nem mesmo nos meus mais absurdos devaneios. Nunca havia lutado tanto kung-fu na minha vida. Possuído pelo espírito do dragão, fui abrindo caminho entre os inimigos, esquivando-me de raios, tiros e bombas. Os ferimentos que recebia não doíam e quando dava por mim, via que meu corpo estava regenerado. Lembro de Cheng-ho gritar que ficaria para trás para conter a caçada contra mim, desde então, não mais o vi.
Permaneci por nove dias correndo, sem dormir, comer ou beber água. Volta e meia parava para farejar e sentir o fluxo de Chi. Um dos portões celestiais estava próximo. Algumas de minhas mágicas facilitaram a percepção do dragão, combinando nossas capacidades não foi muito difícil desaparecer do rastro de nossos perseguidores, correndo pelas montanhas. No início do nono dia reconheci o cenário á nossa volta, era Yangbajain com seus vastos campos de criação de ovelha. Diminuímos os passos, os animais faziam uma procissão ao nosso redor, escoltando-nos em nossa caminhada até o portão celestial. Andamos até as fontes termais na parte mais alta da cidade, lá onde outrora a passagem da Fênix deixara suas marcas, estava nos aguardando o portão de jade e seria com o senhor do céus e da terra que Feilong primeiro estaria para explicar a ausência e retomar sua tarefa.
Foi então, sentado em posição de lótus, diante das fontes, que senti o padrão dos meus corpos entrarem em choque com a separação violenta de nossos espíritos. Senti que ele tomara conhecimento de toda a minha vida, toda a minha alma e talvez, de coisas que, sequer eu, tenho consciência. Deixando algo de sua natureza dento de mim. O Dragão tomou forma à minha frente e disse:
- Sim... Conheço alguns de seus mestres... Já ouvi falar do seu antigo lar... Os deuses ainda choram a perda. Não há muito sobre o que virá que posso dizer que lhe será útil. Fez-me um grande favor ao lutar ao meu lado nesta fuga, vejo que trazia contigo muita paixão, e pouca sanha para a luta. Dei-lhe um presente ao fazer uma troca: por um pouco da chama de sua paixão ingênua, deixei um pouco do sonho, matéria do meu ser, e do seu lar. E todo aquele que partilhar desta matéria, ao pousar sobre ti os olhos, saberás que cumpriste um voto com um dos filhos do Sonhar.
Ao terminar as palavras, o Dragão lentamente tornou-se fumaça e, numa nuvem, sumiu ao subir aos céus.
Eu ainda sentia meu corpo dolorido, quando reuni forças para levantar e seguir. Caminhei até o galpão do aeroporto da usina, lembrando que precisava, com urgência, de um lugar para descansar. Estava tudo deserto, devia ser uma manhã de domingo. Ao entrar pela porta, vi os objetos na mesma posição, os mapas, o rádio, as caixas num canto e os maços de cigarro jogados ao pé da mesa. Fui até o rádio e me comuniquei com um aeroporto particular em Lhasa, requisitando uma reserva que provavelmente meu mestre teria feito. Como havia pensado, a reserva me aguardava e o avião chegaria em oito horas. Desde que o espírito dragão deixou meu corpo, passei a sentir que tudo, até mesmo o mais absurdo, foi real. E que a linha que separa os mundos não existe, somos apenas nós que impomos este limite à nossas mentes. Uma proteção para assegurar nossa sanidade. Passei o resto do dia sentado, comendo rações desidratadas, que encontrei jogadas dentro de uma das caixas.
Junto com o pôr-do-sol, veio o som do avião pousando na pista. Levantei-me sacudindo o pó das minhas roupas em frangalhos, segurando a carta nas mãos e pensei: O tempo das buscas se realizou. Há um novo clamor lá fora. Um chamado à batalha... Uma sombra densa sufoca os últimos gritos da liberdade. Nossos sonhos e memórias, em breve, serão obliterados se nada fizermos... Abaixei-me, peguei o maço de cigarros e saí pela porta.Ainda sentado no banco do avião, vendo a paisagem distante das montanhas, fecho o meu diário com este último lembrete: Será um longo caminho até Londres.

§

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Awakening Spark...

§


"Quais são os elementos de convergência de um cenário de disposições aparentemente aleatórias? Quando poderei encontrar seu ponto de encontro?

Os atores, por anos, permanecem os mesmos, e uma letargia suspeita invade o dia-a-dia, o jogo parece sem graça, a evasão sem esperança, mas uma pequena chance de tornar tudo diferente se agarra insistente à minha mente sem nenhum estado definido.

A estagnação mais profunda é a condição amorfa!

A filosofia mais pura é a que emerge do “agora”

As portas q atravessamos é um labirinto que satisfaz o ego

A linha é reta pro homem cego... porque?

Quero desfazer a construção q o tempo deposita

Nas costas curvas do ciclo da vida

Mas só encontro amálgama: esperança – desespero."

§

terça-feira, 15 de julho de 2008

Nasty Bloom

§

"Não tive onde botar os papeis, desfiz seus corpos, reorganizeis suas concepções elementares, articulei novas formas para o conjunto de sinais que os formam. Por sorte, todos passaram pelo fio."

"Não crio, nem construo. Delego a mim o fardo de outrém."

"Livre, o pensamento encarcera-se. O ilimitado é definivel pela fonte de possibilidades de quem o pensa."

§